sexta-feira, 10 de junho de 2011

FINAL FELIZ!



Ele brincava com fogo, ela gostava de água. Ela apaziguava, ele fervia. Ele fechava os olhos, ela pagava para ver. E, assim, sem entender, sem rimar, seguiam entre ser e estar, amar ou brigar. Enxergavam céus diferentes e o mesmo horizonte, sem saber aonde ir, o que fazer ou sentir.

Ele queria jogar, ela não brincava. Ele ia com vento, ela seguia a brisa. Ela queria a reta, ele via a curva. Ela dava seta, ele infringia o sinal. Ele escolhia o caminho, ela fazia a trilha. As ruas estavam tortas. De repente, porém, estavam lado a lado, em qualquer estrada.

Ela queria o sol, ele estava na lua. Ela fazia verso, ele era o inverso. Ela falava, ele sentia. Ela pressentia.

Ela preferia o dia, ele mais tarde. O fuso horário girava ao contrário. Os relógios não tinham os mesmos minutos; o tempo, aliás, não existia mais. E agora? Contavam os segundos para não perderem a hora.

Eles que não combinavam em nada, foram se entendendo em tudo. E, para as coisas simples ou complexas, veio a conversa. Convergiram as diferenças e a essência, com paciência. E para o erro, jeito (e jeitinho!). E carinho. Ficaram mais à vontade para dizer e ouvir, no compasso da intimidade; acertando os passos, os descompassos, o beijo, o abraço. Descobriram que, em dois, eram dez, viravam tantos, onze, doze, mil. Ou quase eram um. Ou um duo, um par e uma parte de cada um. Metades, inteiras. Dividiam-se para ser mais. Eram vários e escolhiam ser o melhor que havia dentro deles...para o outro.

Por Evelyn Nemer

Feliz dia dos Namorados!

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