Ele brincava com fogo, ela gostava de água. Ela apaziguava, ele fervia. Ele fechava os olhos, ela pagava para ver. E, assim, sem entender, sem rimar, seguiam entre ser e estar, amar ou brigar. Enxergavam céus diferentes e o mesmo horizonte, sem saber aonde ir, o que fazer ou sentir.
Ele queria jogar, ela não brincava. Ele ia com vento, ela seguia a brisa. Ela queria a reta, ele via a curva. Ela dava seta, ele infringia o sinal. Ele escolhia o caminho, ela fazia a trilha. As ruas estavam tortas. De repente, porém, estavam lado a lado, em qualquer estrada.
Ela queria o sol, ele estava na lua. Ela fazia verso, ele era o inverso. Ela falava, ele sentia. Ela pressentia.
Ela preferia o dia, ele mais tarde. O fuso horário girava ao contrário. Os relógios não tinham os mesmos minutos; o tempo, aliás, não existia mais. E agora? Contavam os segundos para não perderem a hora.
Eles que não combinavam em nada, foram se entendendo em tudo. E, para as coisas simples ou complexas, veio a conversa. Convergiram as diferenças e a essência, com paciência. E para o erro, jeito (e jeitinho!). E carinho. Ficaram mais à vontade para dizer e ouvir, no compasso da intimidade; acertando os passos, os descompassos, o beijo, o abraço. Descobriram que, em dois, eram dez, viravam tantos, onze, doze, mil. Ou quase eram um. Ou um duo, um par e uma parte de cada um. Metades, inteiras. Dividiam-se para ser mais. Eram vários e escolhiam ser o melhor que havia dentro deles...para o outro.
Por Evelyn Nemer
Feliz dia dos Namorados!
Que lindo! O amoe é isso! Feliz dia. Beijos.
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